Veja práticas essenciais para ter um site acessível para todos.
Você já parou para pensar se os sites pelos quais você navega são acessíveis para pessoas com deficiência? No Brasil, apenas 0,46% deles têm sucesso em todos os testes de acessibilidade. Com isso, atividades simples como ler um blog, comprar uma roupa online ou buscar mais informações sobre uma empresa podem ser desafios complexos para PCDs.
Os dados sobre o cenário da acessibilidade digital no Brasil são do Movimento Web Para Todos (MWPT), em parceria com a BigDataCorp. Feito em 2022, o levantamento analisou 21 milhões de sites ativos no país divididos em cinco categorias: blog, educação, e-commerce, corporativos e portais de notícias. Entre os tipos de sites, os números mais alarmantes são dos e-commerces, que contam com apenas 0,06% de opções acessíveis.
Simone Freire, idealizadora do movimento, destaca que o estudo olha para barreiras relacionadas a diversos tipos de deficiência. “Os desafios da acessibilidade digital são muito grandes porque nós precisamos pensar em pessoas com deficiências variadas, como visual, auditiva, motora, intelectual cognitiva e, inclusive, pessoas com deficiências múltiplas”, aponta.
Freire ainda destaca que seguir padrões de acessibilidade é uma exigência da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (L 13.146/2015) e, ao mesmo tempo, uma oportunidade para aumentar o fluxo de visitas em websites. “Incorporar acessibilidade digital significa poder trazer milhares de pessoas para seu site ou e-commerce. Ignorar a acessibilidade pode ser até mesmo uma falta de visão de negócio”, acrescenta a idealizadora do MWPT.
Por onde começar
O primeiro passo para ter um site acessível é conferir a chamada WCAG (sigla em inglês para Diretrizes de Acessibilidade para o Conteúdo da Web). Essas diretrizes são desenvolvidas pelo W3C, o consórcio internacional World Wide Web, e separam mais de 70 critérios de acessibilidade para os conteúdos disponíveis na web.
Assim, se você conta com um desenvolvedor para seu site, é importante pedir que ele siga as diretrizes do WCAG. Se você mesmo cuida da sua página online e quer torná-la mais acessível, confira 3 dicas fundamentais, segundo especialistas.
1. Mantenha formulários e botões com rótulo
De acordo com Reinaldo Ferraz, especialista em desenvolvimento web do W3C Brasil e do Ceweb.br, a falta de rótulos é uma das principais barreiras dos websites, sobretudo para pessoas com deficiência visual. “Em alguns casos o rótulo para quem enxerga é visível, mas não é acessível para uma pessoa cega. Imagine chegar em um botão durante um processo de compra e encontrar a informação ‘botão’ em vez de ‘efetuar pagamento’?”, aponta Ferraz.
Para garantir a acessibilidade, o especialista destaca que é necessário relacionar os rótulos com seus respectivos campos, fornecer informações claras sobre preenchimentos necessários e pensar com cuidado nas mensagens de erros. “Nada de usar textos como ‘os campos em vermelho são obrigatórios’, pois talvez a pessoa não consiga enxergar essa cor.”
Segundo a pesquisa realizada pelo Movimento Web para Todos, em 2022, 53,46% dos sites analisados apresentavam problemas de acessibilidade em formulários.
2. Crie textos alternativos para imagens e vídeos
Já imaginou comprar algum item pela internet sem conferir uma foto dele antes? Principalmente no caso dos e-commerces, contar com textos alternativos nas imagens é fundamental para garantir que todos possam acessar os produtos. Para isso, é importante apresentar uma descrição detalhada para todas as imagens.
Para destacar a importância dessa prática, Simone Freire cita um exemplo. “Tenho dois amigos com deficiência visual e eles precisaram comprar o berço do filho deles, mas quando buscaram na internet não encontraram nenhuma opção que trouxesse informações práticas sobre os produtos, além coisas como o tamanho e a cor”, diz.
Manter textos alternativos é uma medida importante para outros tipos de site além dos e-commerces. Blogs e portais de notícia, por exemplo, devem garantir o acesso às informações que as imagens presentes nos sites transmitem. O mesmo vale para vídeos, que, segundo Ferraz devem sempre estar acompanhados de legendas.
Simone Freire ainda destaca a importância de contar um assistente virtual de libras. “Existem opções até mesmo gratuitas que criam um avatar de libras. Ter um intérprete virtual é uma medida fácil e muito importante de incluir para tornar o site acessível.”
Segundo o estudo do MWPT, 84,21% dos sites apresentam problemas na oferta de textos alternativos para imagens.
3. Entenda como PCDs navegam
Para Reinaldo Ferraz, entender como pessoas com deficiência usam a internet é o ponto-chave para conseguir manter um site acessível. “Por exemplo, pessoas cegas utilizam um software que transmite todo o conteúdo da página em áudio e não fazem uso do mouse. Sendo assim, conseguir navegar somente com teclado, sem uso do mouse, é uma boa dica. Isso beneficia também pessoas com mobilidade reduzida”, aponta.
Assim, a dica é se colocar no lugar das pessoas que podem enfrentar alguma dificuldade na navegação. Se você está começando um site do zero, Freire indica abraçar a ideia de “acessibilidade by design”, ou seja, construir todas as funcionalidades e opções de navegação já pensando em tornar o ambiente digital acessível.
Os benefícios de um site acessível para todos
Segundo Ferraz, diversos benefícios podem ser considerados, inclusive para a imagem e bolso das organizações. “Em tempos de redes sociais, um site ou aplicativo com barreiras de acessibilidade pode prejudicar a imagem da empresa. As pessoas com deficiência estão nas redes sociais e exigem os seus direitos, deixando muito claro quando são impedidas de fazer uma compra ou acessar um serviço”, ressalta.
13 de maio de 2024
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